Casal Mundo Afora - Registros de uma viagem mundo a afora.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Travel log #25 - Alemanha


(por Everton)

Falar sobre a Alemanha não requer muito esforço. Este é um país que já havíamos visitado anteriormente e foi parada obrigatória nesta viagem. Tínhamos nos comprometido de encontrar alguns amigos por lá e então partimos pra mais uma visita à este país fantástico. Esta foi uma visita diferente, pois ficamos uns dias longe dos grandes centros turísticos, em uma pequena vila no interior do país. Passamos a maior parte do tempo no estado de Baden-Württemberg, bem pertinho da Bavária. A vila em que ficamos tinha pouco mais de 200 habitantes, então pudemos experimentar o dia-a-dia de uma pequena localidade do interior. 







A Alemanha é um país que me fascina. É impressionante como praticamente tudo é preciso e de alta qualidade. Muitos dizem que os alemães são "fechados" e não gostam muito de conversar, mas eu não concordo muito. Basta sentar num bar ou restaurante e tomar uma cerveja que você já faz amigos! :) Acredito que o estereótipo de ser um povo "fechado" foi criado por consequência da Segunda Guerra Mundial, ou mesmo pelo fato de eles estarem sempre ocupados trabalhando... e como trabalham! As pessoas que conhecemos trabalham muitas horas por dia, se dividinho em diversas obrigações... tivemos a oportunidade inclusive de acompanhar o trabalho de algumas pessoas e comprovar sua organização e eficiência.

Como tivemos contato com agricultores, preciso mencionar as enormes diferenças que existem com o Brasil... se é que é possível comparar algo. Pra começar, é evidente o apoio que o governo alemão dá aos seus agricultores. Todas, absolutamente todas as estradas rurais são asfaltadas! Sabe aquelas estradinhas de terra que são comuns no nosso país, que quando chove vira um lamaçal e dificulta a vida de quem precisa se locomover? Elas simplesmente não existem! Desde as estradas "principais", até as pequenas vias que ligam as casas dos agricultores, todas são asfaltadas. E o apoio do governo não pára por aí. A cada ano, o governo dá um incentivo em dinheiro para os produtores que trabalham na terra. Esta ajuda é de 300 Euros por hectare. Considere um agricultor de médio porte com cerca de 50 ha, que trabalha com a terra (mas precisa trabalhar! Não é como o bolsa família que não exige nada em troca!), ele receberá por ano o total de 15 mil Euros! Só por se manter em suas atividades rurais... 


Típica estrada rural na Alemanha

Um fato que chama muito a atenção é a quantidade de implementos agrícolas que eles utilizam. Eles têm máquinas para tudo! Como é raro (e caro) encontrar pessoas pra trabalhar na terra, geralmente é só o casal que trabalha com tudo. Preparando a terra, plantando, colhendo, cuidando dos animais, processando alimentos para vender, enfim... Tudo é feito somente pela família e por isso a necessidade de tanta automação. 

Além de todos os implementos para viabilizar o trabalho no campo, é extremamente comum encontrar painéis fotovoltaicos (geradores de eletricidade solar) sobre os telhados das casas. Não é um ou dois... são dezenas de painéis cobrindo os telhados. Há também "usinas geradoras", onde se vê centenas de placas captadoras de energia solar instaladas pelo campo. Toda a energia produzida que não é consumida, é enviada à rede pública e eles recebem por isso. É como se cada casa fosse uma pequena usina geradora de eletricidade, alimentando todo o sistema. Eu comentei com um morador que se eu instalasse isso no Brasil, muito provavelmente eu seria furtado na primeira oportunidade, devido ao alto custo do equipamento para nós. Eles não conseguem entender isso!

Outra coisa difícil de entender pra eles é a corrupção na América Latina. Quando estávamos por lá, saiu uma reportagem no jornal, dizendo que o Brasil estaria entrando em crise econômica. Eles acharam muito estranha esta notícia, já que até então ouviam dizer que o Brasil tem uma economia forte e estável e que o governo brasileiro está fazendo um bom trabalho por lá. Comentei que a verdade não é bem essa e citei o exemplo do valor do Euro que, pouco antes de iniciarmos nossa viagem, a cotação era de 1 Euro = R$ 2,89 e agora o mesmo Euro já custava R$ 4,30 (mais IOF de 6,38%!). Já é difícil explicar o desgoverno e toda a corrupção que comanda Brasília, quanto mais a artificialidade da cotação do Real que foi "congelado" até passarem as eleições. Simplesmente não entra na cabeça de um alemão como pode o governo roubar e não acontecer nada com os culpados e ainda por cima os culpados serem reeleitos. 

Já ouvi brasileiros dizendo que é o cúmulo que os alemães param quando o sinal de pedestres está vermelho e não atravessam a rua mesmo se não há carros vindo. Pois é, esta é uma pequena mas importante diferença entre um país que é uma potência e um país onde a maioria dos cidadãos quer levar tudo no jeitinho. Se a lei diz que o pedestre só deve andar com o sinal verde, por que os alemães desrespeitariam a lei? É uma questão de educação, simples assim. Quem sabe um dia os brasileiros comecem a seguir as regras, mesmo quando não tem ninguém olhando... quem sabe um dia, a grande maioria dos brasileiros aprendam a importância de pensar coletivamente como sociedade e não somente no próprio umbigo.
    
Um outro exemplo é o respeito aos limites de velocidade nas estradas. Apesar da Alemanha possuir as Autobahn, que são autoestradas sem limite de velocidade máxima, isso não é motivo para desrespeitar os limites nas estradas secundárias. Observei por diversos dias como os carros reduzem a velocidade, respeitando as placas de trânsito, sem que para isso seja necessário construir lombadas ou instalar radares.   

Conhecemos uma professora de alemão para estrangeiros, que comentou sobre os estudantes brasileiros que foram ao país pelo "Ciências sem fronteiras". Ela disse que a grande maioria chegou ao país sem saber nem o básico do básico da língua alemã. O governo brasileiro paga um curso rápido de alemão para que os estudantes recém-chegados atinjam o nível universitário, antes de irem para a universidade. Agora imaginem os estudantes que não tem a mínima noção da língua germânica (alguns não falavam nem inglês) serem enviados para universidades para estudar... grande parte destes pseudo-estudantes aproveitava que suas despesas estavam sendo pagas pelo governo para simplesmente fazer turismo e festas no país. Quando perguntei se não era necessária alguma pré-seleção para verificar o nível de conhecimento na lingua alemã, ela me disse que o governo brasileiro pede uma avaliação pela Internet e que assim fica fácil pedir para algum professor (ou pessoa com conhecimento da língua) fazer a prova pelo aluno.
Esta professora comentou da péssima imagem que os brasileiros deixaram nos últimos anos, devido ao "fiasco" com os estudos. Nos sentimos envergonhados por mais essa! Ela disse não entender tamanha desorganização do governo brasileiro, enviando estudantes despreparados para um país onde não conhecem a língua e queimando dinheiro público com isso! Eu também não entendo isso e principalmente essa atitude dos que vão em busca de turismo, sem aproveitar uma oportunidade tão importante como esse "Ciência Sem Fronteiras", que consideramos a única coisa boa feita pelo PT. Quado estamos fora do nosso país somos embaixadores do mesmo e tudo o que fizermos será sempre associado ao comportamento padrão de toda uma nação. 

Voltando às coisas positivas... os preços são muito atrativos no país. Os supermercados são surpreendentemente baratos e os produtos são de altíssima qualidade. É impressionante que mesmo com o valor do Euro tão alto para nós, encontramos produtos muito mais baratos que no Brasil. De comida à cerveja, se gasta muito pouco e se enche o carrinho!

Tivemos ainda uma experiência cultural de conhecermos a Herbstfest, a "Festa do Outono", que é muito similar à Oktoberfest. Pra quem não sabe a Oktoberfest é exclusiva da região da Bavária, sendo que Munich é a sede da maior festa. Entretanto, em todo o restante do país ocorrem festas similares, só que com outros nomes. As músicas, os trajes e as comidas são muito semelhantes. Mas há uma diferença bastante marcante com as oktoberfest do Brasil: na Alemanha, as pessoas não dançam! Ficam todos sentados às mesas, curtindo a música e tomando suas canecas de 1 litro de cerveja. Sim, cerveja, por que "chopp" só existe no Brasil. Assistimos também a um desfile típico da região, revivendo o passado daquele povo e foi muito bacana!









Enquanto estávamos em Munich, presenciamos centenas de imigrantes sendo recebidos na estação de trem, vindos da Áustria e de outros países. A chanceler Angela Merkel havia prometido abrigo aos refugiados dois dias antes de nossa chegada. Logo após, a estação de trem parecia um acampamento de guerra. Todos que chegavam eram examinados por médicos e assim que liberados, iam de ônibus para abrigos em outros locais. Havia um forte esquema de segurança e algumas pessoas dando boas vindas aos refugiados. Há muita controvérsia de opiniões na Europa por conta da decisão da Alemanha querer abrigar os refugiados. Como não há mais controle de fronteiras entre os países do tratado de Schengen, estes imigrantes podem circular livremente dentro da Comunidade Europeia, o que está preocupando líderes de países não tão abertos à receber os refugiados. Nos sentimos assistindo de perto a um capítulo importante da história mundial.







É notório que a Alemanha seja uma das grandes potências do mundo. Há tantas diferenças entre os germânicos e os tupiniquins que renderia um livro... A pontualidade e eficácia dos sistemas de transporte, as rodovias em perfeitas condições, a polidez a educação do povo, o conhecimento de outros idiomas, da música, a dedicação ao trabalho. Enfim, os alemães fazem por mecerer a posição que têm no mundo. Após as guerras, a vergonha pelo nazismo, a divisão do país, a reunificação e a consolidação de sua economia, o país se reestruturou para ser uma das nações mais ricas do planeta. 

Há tanto mais para dizer, mas por hoje é só... Afinal, temos que comemorar os 7 meses de viagem que completamos hoje!

Um abraço a todos que nos acompanham!






 Cena comum nos trens... Bicicletas!
Dando uma voltinha por Munich!



terça-feira, 15 de setembro de 2015

Travel log #24 - Czech Republic


(por Everton)

Olá amigos! Que bom receber o feedback de vocês sobre as postagens da Rússia e da Polônia! É sempre bom ler os comentários no blog! Embora a gente não responda na maioria das vezes, estamos sempre conferindo quem nos acompanha por aqui... Estamos um pouco atrasados com as postagens e tem faltado um pouco de tempo para organizar tudo... viajar dá trabalho!!

Hoje vou falar rapidamente sobre a República Tcheca, mais especificamente sobre Praga, sua capital. Ainda na Polônia, nos comprometemos com algumas pessoas em nos encontrarmos na Alemanha, já que é tudo pertinho na Europa. Como a República Tcheca estava no meio do caminho não podíamos deixar de fazer uma parada por lá, pois o país é muito conhecido pela qualidade de suas cervejas. Muitos consideram os tchecos os melhores cervejeiros do mundo... então por que não conferir?


Ao chegarmos em Praga vindo de ônibus da cidade de Wroklaw (Polônia) já percebemos a grande diferença de conservação das estradas. Após cruzar a fronteira e, principalmente dentro da cidade, muitos buracos nas ruas. Ficou evidente que estávamos chegando em um lugar diferente. A cidade tem um ar mais "underground" em alguns bairros, mas tem também a típica arquitetura européia na região dos bairros Nové Město e Staré Město, onde a maior parte dos turistas se concentra. É uma cidade muito bela e em geral muito bem cuidada.




Falando em turistas, fazia tempo que nós não nos sentíamos tão no Brasil como quando visitamos Praga. Estamos quase que totalmente offline do que acontece no Brasil, mas parece que alguma novela da Globo acabou de mostrar Praga em seu enredo, pois a cidade estava literalmente entupida de brasileiros. Mas não eram só os verde-e-amarelos não, eram turistas de todos os lugares possíveis! A cidade estava tão cheia que acabou perdendo muito do encanto.



Sempre que podemos, evitamos ao máximo qualquer tipo de local muito turístico, especialmente onde se vê bandos de turistas seguindo uma bandeirinha do guia. Gostamos de viajar por nós mesmos, experienciando (essa palavra existe em Português?) o local sob nosso ponto de vista e não seguindo roteiros artificiais pré-programados.

Apesar de certo apelo de lugar alternativo, não encontramos tantas pessoas "diferentes" nas ruas. O que mais chamava a atenção eram alguns grupos de jovens bêbados que se destacavam na multidão, principalmente a noite, quando os demais turistas já estavam se recolhendo. Uma coisa que percebemos foi o grande número de cabarés na cidade e isso indica um grande número de turistas masculinos em busca de diversão.

Pois bem, o fato de Praga estar na moda e simplesmente abarrotada de gente, fez com que a cidade perdesse o brilho sob nossa perspectiva. A cidade tem seu charme e suas boas cervejas, mas estas já foram muito mais baratas num passado não muito distante. Tanta procura está fazendo com que os preços inflacionem bastante e isso, num tempo de economia brasileira ruim, também não torna muito atrativo visitar estas bandas.


O que nos restou foi dar uma de turistas também e passear pela cidade, intercalando entre um pub e outro para provar as tão famosas cervejas tchecas. Há centenas de opções de cerveja na torneira e sim, as cervejas são boas. Alguns bares tem sempre as mesmas marcas, já outros, fazem um rodízio meio que semanal de novas seleções. Para as cervejas mais fortes, geralmente há indicação do teor alcoólico e alguns locais também indicam o nível de amargor da cerveja, o que ajuda um pouco... mas mesmo assim é difícil de escolher com tantas opções!



Com tanta gente tomando cerveja, o que falta são banheiros públicos! Em vários países que já visitamos é comum encontrar muitos banheiros pelas cidades, o que infelizmente não é uma realidade em Praga. Além dos banheiros, quase não encontramos bancos na cidade... Não os bancos financeiros, mas aqueles bancos que depois de andarmos por horas, adoraríamos poder nos sentar um pouco para descansar. Foi interessante que nos poucos bancos que encontramos, haviam frases inspiradoras ...

 "Viajar nunca é uma questão de dinheiro, mas de coragem". Paulo Coelho (tradução livre)

 "A vida é como uma peça de teatro: não é a duração, mas a excelência da atuação que importa". Seneca (tradução livre)

"O homem nasce para viver e não para se preparar para viver". Boris Pasternak (tradução livre)

A cidade nos impressionou e eu gostaria de voltar, talvez em um tempo fora de temporada, para curtir mais seus encantos e suas cervejas... :)




E para terminar, a foto de um cartaz de uma manifestação contra o comunismo, em um monumento em frente ao mais famoso museu do país, o Museu Nacional

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Travel Log #23 - Polônia

(por Everton)

A Polônia era uma incógnita para mim e eu queria muito conhecer. Não só pela história marcada de injustiças à este país, mas também pela grande comunidade de poloneses que existe no Brasil. Desde pequeno, já ouvia o termo "polaco" sendo usado para apelidar algumas pessoas. Além disso, em Curitiba há uma influência presente até os dias de hoje em igrejas e até na culinária... É bem comum encontrar o "Pierog", uma comida típica, nas feirinhas de rua.




Vou começar com a parte cultural, histórica e política. Para quem não se lembra (ou matava as aulas de história), a Polônia sempre teve grandes problemas com seu território. Suas terras foram sempre cobiçadas e disputadas. Muitas guerras aconteceram no passado mais distante, entre elas com a Suécia e Rússia. Antes do final do século XVIII, o país foi dividido em três e seu território passou a pertencer à Alemanha, Áustria e Rússia. Ou seja, o país foi riscado do mapa por uns tempos e somente no final da Primeira Guerra Mundial seu território foi recuperado. 





Mas foi só a Segunda Guerra começar (21 anos depois) que novamente seu território foi invadido. Por um lado pela Alemanha e por outro, pela Rússia. Entre os soldados, os judeus e os demais civís, a Polônia foi o país que mais perdeu pessoas relativamente ao tamanho de sua população: foram cerca de 6 milhões de vidas.

Como se toda essa destruição e sofrimento não bastassem, foi só a guerra acabar para que a Rússia (na época já transformada em URSS) forjasse eleições no país e declarasse que a Polônia seria então parte do seu domínio. Era como se os próprios cidadãos polonesses tivessem escolhido se tornarem membros dos "vermelhos". O que de fato não era nem de longe o desejo do povo. Neste período, enquanto muitos outros países se recuperavam da guerra, a Polônia sofria muito com a implantação forçada do comunismo. Houve certa resistência armada, mas no final, o governo cedeu ao poder de fogo dos russos. 

Foi só após o fim da guerra fria e a dissolução da URSS que a Polônia, assim como outros países do leste europeu, começaram abrir as fronteiras e reestruturarem suas economias. O papa polonês João Paulo II teve um papel importante na extinção do comunismo no país e então o novo governo fez uma excelente lição de casa, melhorando muito o desempenho econômico e social do país.

A Polônia hoje
O prédio à esquerda é um exemplo de arquitetura soviética, semelhante a outros aue vimos em Moscow.

Chegamos em Varsóvia, a capital, cidade que ficou conhecida na história por abrigar o "Gueto de Varsóvia". Infelizmente a cidade foi severamente destruída na guerra e a grande maioria dos seus prédios foram reconstruídos. Como muito foi demolido, largas avenidas puderam ser planejadas, diminuindo os problemas de tráfego.




A cidade de Varsóvia é um encanto. Encontramos a típica arquitetura européia, ainda com alguns poucos resquícios da era soviética. Os trams (bondes) são muito modernos e o sistema de transporte funciona muito bem.


Se estiver pensando em fazer uma visita à Varsóvia, não perca a "New Town", o bairro mais charmoso da cidade!





Embora façam parte da União Européia, eles ainda tem sua própria moeda cujo valor é muito próximo do Real. Assim ficava simples de fazermos comparações de preços. O que constatamos é que a alimentação é em geral mais barata que no Brasil, sem contar que os produtos tem qualidade superior. Eu que sou apaixonado por queijos, fiz a festa no país! Só para terem uma idéia, uma cunha de queijo Camembert custava entre R$ 2,00 e R$ 3,00. No Brasil, isso não sairia por menos de R$10,00 (estou sendo otimista). As cervejas também são muito baratas e de excelente qualidade. Latas de cerveja de 500 ml (cerveja de verdade, não essas de cereais não maltados que são vendidas no Brasil), custavam a partir de R$2,00.   

A Polônia também é conhecida por sua vodka. Tivemos o que chamamos de "Vodka experience" com nossos anfitriões Katarzina e Tomek e apendemos o jeito tradicional de consumir a bebida. Eles nos contaram que a maioria dos restaurantes só vende o destilado se vier acompanhado de algum prato. Não se sai bebendo uma atrás da outra como os brasileiros estão acostumados... A bebida é consumida gelada junto com a comida, que podem ser petiscos como sardinhas em conserva, uma espécie de carne de onça (carne crua) ou outras iguarias locais e geralmente é tomada de uma só vez, um "shot". 


Petiscos para acompanhar a vodka: Carne crua com gema de ovo cru. No outro prato, sardinhas


Ainda sobre a culinária da Polônia, nos levaram em um restaurante bem tradicional, chamado de "Milk Bar". Estes restaurantes eram bem comuns na época do socialismo e era lá que os trabalhadores faziam as refeições. O nome "Milk Bar" era para indicar que não havia bebidas alcoólicas e que o local não servia nada com carne. Atualmente estes locais se transformaram em uma espécie de restaurantes populares. O preço da comida é baixo, pois eles recebem incentivos do governo para continuarem a oferecer a culinária típica do país. Além de barato, a comida é deliciosa! Foi lá que a Lisa conheceu o Leniwe, que é uma espécie de Pierog doce com queijo branco. Ela adorou! Tradicional culinária polonesa a um preço tão acessível fez com que voltássemos mais vezes aos "Milk bars".


O verdadeiro pierog


Leniwe


Para nosso próximo destino, Wroklaw, decidimos ir de carona, prática que estava "esquecida" desde a Nova Zelândia. Apenas 10 minutos esperando e já encontramos um motorista que ia para o mesmo destino... lá fomos nós, de carona pela Polônia! Nos mais de 350 km que percorremos nas estradas perfeitas do país, observamos uma geografia extremamente plana e algo que eu nunca tinha visto: sempre que há residências ao longo das rodovias, são construídos muros altos de proteção para evitar que o ruído do tráfego chegue até as casas... Muito interessante!  


Rodovias inteiramente duplicadas, sem buracos e com proteção anti-ruido para as casas próximas (as manchas na foto são de sujeiras no vidro :) )

Wroklaw é uma cidade menor e com mais cara de interior do que a capital e da mesma forma, não é super-populosa. Foi nesta cidade que encontrei um dos mais surpreendentes trabalhos artísticos de toda a nossa viagem. As esculturas em tamanho real mostram o povo da Polônia com suas malas e roupas de camponeses antes do regime comunista. Estes cidadãos começam então literalmente a se afundar com a implantação do comunismo e somente no outro lado da rua, após vários anos "enterrados", com a extinção do regime, eles se libertam novamente para a continuidade de suas vidas. Brilhante a ideia!


De um lado da rua, se afundando no comunismo

Do outro lado, ressurgindo após anos "soterrados"

Na minha impressão estritamente pessoal, baseada no que vimos e nas pessoas com quem conversamos, aparentemente os poloneses abominam muito mais o passado em que foram ocupados pelos russos comunistas do que quando foram invadidos pelos alemães. Tivemos a oportunidade de fazer um tour gratuíto pelo centro da cidade e o guia falava muito da época "vermelha" e como ela foi prejudicial para os cidadãos e pouco comentava sobre a invasão nazista. O mesmo também ficou evidente nos museus e outras obras que visitamos. Não quero de nenhuma forma minimizar a mancha de sangue que os alemães deixaram no país, mas talvez por ser uma história mais recente, é visível que eles se incomodam mais com os russos e seu o regime comunista que impuseram à força ao país. Desta vez irei me abster de comentários a respeito de determinados aspirantes a comunistas latinoamericanos...

A Polônia surpreendeu muito! Foi uma experiência excelente! A limpeza, organização, a infra-estrutura, a cultura, a comida... tudo valeu a pena!