(por Everton)
A Polônia era uma incógnita para mim e eu queria muito conhecer. Não só pela história marcada de injustiças à este país, mas também pela grande comunidade de poloneses que existe no Brasil. Desde pequeno, já ouvia o termo "polaco" sendo usado para apelidar algumas pessoas. Além disso, em Curitiba há uma influência presente até os dias de hoje em igrejas e até na culinária... É bem comum encontrar o "Pierog", uma comida típica, nas feirinhas de rua.
Vou começar com a parte cultural, histórica e política. Para quem não se lembra (ou matava as aulas de história), a Polônia sempre teve grandes problemas com seu território. Suas terras foram sempre cobiçadas e disputadas. Muitas guerras aconteceram no passado mais distante, entre elas com a Suécia e Rússia. Antes do final do século XVIII, o país foi dividido em três e seu território passou a pertencer à Alemanha, Áustria e Rússia. Ou seja, o país foi riscado do mapa por uns tempos e somente no final da Primeira Guerra Mundial seu território foi recuperado.
Mas foi só a Segunda Guerra começar (21 anos depois) que novamente seu território foi invadido. Por um lado pela Alemanha e por outro, pela Rússia. Entre os soldados, os judeus e os demais civís, a Polônia foi o país que mais perdeu pessoas relativamente ao tamanho de sua população: foram cerca de 6 milhões de vidas.
Como se toda essa destruição e sofrimento não bastassem, foi só a guerra acabar para que a Rússia (na época já transformada em URSS) forjasse eleições no país e declarasse que a Polônia seria então parte do seu domínio. Era como se os próprios cidadãos polonesses tivessem escolhido se tornarem membros dos "vermelhos". O que de fato não era nem de longe o desejo do povo. Neste período, enquanto muitos outros países se recuperavam da guerra, a Polônia sofria muito com a implantação forçada do comunismo. Houve certa resistência armada, mas no final, o governo cedeu ao poder de fogo dos russos.
Foi só após o fim da guerra fria e a dissolução da URSS que a Polônia, assim como outros países do leste europeu, começaram abrir as fronteiras e reestruturarem suas economias. O papa polonês João Paulo II teve um papel importante na extinção do comunismo no país e então o novo governo fez uma excelente lição de casa, melhorando muito o desempenho econômico e social do país.
A Polônia hoje
Chegamos em Varsóvia, a capital, cidade que ficou conhecida na história por abrigar o "Gueto de Varsóvia". Infelizmente a cidade foi severamente destruída na guerra e a grande maioria dos seus prédios foram reconstruídos. Como muito foi demolido, largas avenidas puderam ser planejadas, diminuindo os problemas de tráfego.
A cidade de Varsóvia é um encanto. Encontramos a típica arquitetura européia, ainda com alguns poucos resquícios da era soviética. Os trams (bondes) são muito modernos e o sistema de transporte funciona muito bem.
Embora façam parte da União Européia, eles ainda tem sua própria moeda cujo valor é muito próximo do Real. Assim ficava simples de fazermos comparações de preços. O que constatamos é que a alimentação é em geral mais barata que no Brasil, sem contar que os produtos tem qualidade superior. Eu que sou apaixonado por queijos, fiz a festa no país! Só para terem uma idéia, uma cunha de queijo Camembert custava entre R$ 2,00 e R$ 3,00. No Brasil, isso não sairia por menos de R$10,00 (estou sendo otimista). As cervejas também são muito baratas e de excelente qualidade. Latas de cerveja de 500 ml (cerveja de verdade, não essas de cereais não maltados que são vendidas no Brasil), custavam a partir de R$2,00.
A Polônia também é conhecida por sua vodka. Tivemos o que chamamos de "Vodka experience" com nossos anfitriões Katarzina e Tomek e apendemos o jeito tradicional de consumir a bebida. Eles nos contaram que a maioria dos restaurantes só vende o destilado se vier acompanhado de algum prato. Não se sai bebendo uma atrás da outra como os brasileiros estão acostumados... A bebida é consumida gelada junto com a comida, que podem ser petiscos como sardinhas em conserva, uma espécie de carne de onça (carne crua) ou outras iguarias locais e geralmente é tomada de uma só vez, um "shot".
Ainda sobre a culinária da Polônia, nos levaram em um restaurante bem tradicional, chamado de "Milk Bar". Estes restaurantes eram bem comuns na época do socialismo e era lá que os trabalhadores faziam as refeições. O nome "Milk Bar" era para indicar que não havia bebidas alcoólicas e que o local não servia nada com carne. Atualmente estes locais se transformaram em uma espécie de restaurantes populares. O preço da comida é baixo, pois eles recebem incentivos do governo para continuarem a oferecer a culinária típica do país. Além de barato, a comida é deliciosa! Foi lá que a Lisa conheceu o Leniwe, que é uma espécie de Pierog doce com queijo branco. Ela adorou! Tradicional culinária polonesa a um preço tão acessível fez com que voltássemos mais vezes aos "Milk bars".
Para nosso próximo destino, Wroklaw, decidimos ir de carona, prática que estava "esquecida" desde a Nova Zelândia. Apenas 10 minutos esperando e já encontramos um motorista que ia para o mesmo destino... lá fomos nós, de carona pela Polônia! Nos mais de 350 km que percorremos nas estradas perfeitas do país, observamos uma geografia extremamente plana e algo que eu nunca tinha visto: sempre que há residências ao longo das rodovias, são construídos muros altos de proteção para evitar que o ruído do tráfego chegue até as casas... Muito interessante!
Wroklaw é uma cidade menor e com mais cara de interior do que a capital e da mesma forma, não é super-populosa. Foi nesta cidade que encontrei um dos mais surpreendentes trabalhos artísticos de toda a nossa viagem. As esculturas em tamanho real mostram o povo da Polônia com suas malas e roupas de camponeses antes do regime comunista. Estes cidadãos começam então literalmente a se afundar com a implantação do comunismo e somente no outro lado da rua, após vários anos "enterrados", com a extinção do regime, eles se libertam novamente para a continuidade de suas vidas. Brilhante a ideia!
Na minha impressão estritamente pessoal, baseada no que vimos e nas pessoas com quem conversamos, aparentemente os poloneses abominam muito mais o passado em que foram ocupados pelos russos comunistas do que quando foram invadidos pelos alemães. Tivemos a oportunidade de fazer um tour gratuíto pelo centro da cidade e o guia falava muito da época "vermelha" e como ela foi prejudicial para os cidadãos e pouco comentava sobre a invasão nazista. O mesmo também ficou evidente nos museus e outras obras que visitamos. Não quero de nenhuma forma minimizar a mancha de sangue que os alemães deixaram no país, mas talvez por ser uma história mais recente, é visível que eles se incomodam mais com os russos e seu o regime comunista que impuseram à força ao país. Desta vez irei me abster de comentários a respeito de determinados aspirantes a comunistas latinoamericanos...
A Polônia surpreendeu muito! Foi uma experiência excelente! A limpeza, organização, a infra-estrutura, a cultura, a comida... tudo valeu a pena!
A Polônia era uma incógnita para mim e eu queria muito conhecer. Não só pela história marcada de injustiças à este país, mas também pela grande comunidade de poloneses que existe no Brasil. Desde pequeno, já ouvia o termo "polaco" sendo usado para apelidar algumas pessoas. Além disso, em Curitiba há uma influência presente até os dias de hoje em igrejas e até na culinária... É bem comum encontrar o "Pierog", uma comida típica, nas feirinhas de rua.
Vou começar com a parte cultural, histórica e política. Para quem não se lembra (ou matava as aulas de história), a Polônia sempre teve grandes problemas com seu território. Suas terras foram sempre cobiçadas e disputadas. Muitas guerras aconteceram no passado mais distante, entre elas com a Suécia e Rússia. Antes do final do século XVIII, o país foi dividido em três e seu território passou a pertencer à Alemanha, Áustria e Rússia. Ou seja, o país foi riscado do mapa por uns tempos e somente no final da Primeira Guerra Mundial seu território foi recuperado.
Mas foi só a Segunda Guerra começar (21 anos depois) que novamente seu território foi invadido. Por um lado pela Alemanha e por outro, pela Rússia. Entre os soldados, os judeus e os demais civís, a Polônia foi o país que mais perdeu pessoas relativamente ao tamanho de sua população: foram cerca de 6 milhões de vidas.
Como se toda essa destruição e sofrimento não bastassem, foi só a guerra acabar para que a Rússia (na época já transformada em URSS) forjasse eleições no país e declarasse que a Polônia seria então parte do seu domínio. Era como se os próprios cidadãos polonesses tivessem escolhido se tornarem membros dos "vermelhos". O que de fato não era nem de longe o desejo do povo. Neste período, enquanto muitos outros países se recuperavam da guerra, a Polônia sofria muito com a implantação forçada do comunismo. Houve certa resistência armada, mas no final, o governo cedeu ao poder de fogo dos russos.
Foi só após o fim da guerra fria e a dissolução da URSS que a Polônia, assim como outros países do leste europeu, começaram abrir as fronteiras e reestruturarem suas economias. O papa polonês João Paulo II teve um papel importante na extinção do comunismo no país e então o novo governo fez uma excelente lição de casa, melhorando muito o desempenho econômico e social do país.
A Polônia hoje
O prédio à esquerda é um exemplo de arquitetura soviética, semelhante a outros aue vimos em Moscow.
Chegamos em Varsóvia, a capital, cidade que ficou conhecida na história por abrigar o "Gueto de Varsóvia". Infelizmente a cidade foi severamente destruída na guerra e a grande maioria dos seus prédios foram reconstruídos. Como muito foi demolido, largas avenidas puderam ser planejadas, diminuindo os problemas de tráfego.
A cidade de Varsóvia é um encanto. Encontramos a típica arquitetura européia, ainda com alguns poucos resquícios da era soviética. Os trams (bondes) são muito modernos e o sistema de transporte funciona muito bem.
Se estiver pensando em fazer uma visita à Varsóvia, não perca a "New Town", o bairro mais charmoso da cidade!
Embora façam parte da União Européia, eles ainda tem sua própria moeda cujo valor é muito próximo do Real. Assim ficava simples de fazermos comparações de preços. O que constatamos é que a alimentação é em geral mais barata que no Brasil, sem contar que os produtos tem qualidade superior. Eu que sou apaixonado por queijos, fiz a festa no país! Só para terem uma idéia, uma cunha de queijo Camembert custava entre R$ 2,00 e R$ 3,00. No Brasil, isso não sairia por menos de R$10,00 (estou sendo otimista). As cervejas também são muito baratas e de excelente qualidade. Latas de cerveja de 500 ml (cerveja de verdade, não essas de cereais não maltados que são vendidas no Brasil), custavam a partir de R$2,00.
A Polônia também é conhecida por sua vodka. Tivemos o que chamamos de "Vodka experience" com nossos anfitriões Katarzina e Tomek e apendemos o jeito tradicional de consumir a bebida. Eles nos contaram que a maioria dos restaurantes só vende o destilado se vier acompanhado de algum prato. Não se sai bebendo uma atrás da outra como os brasileiros estão acostumados... A bebida é consumida gelada junto com a comida, que podem ser petiscos como sardinhas em conserva, uma espécie de carne de onça (carne crua) ou outras iguarias locais e geralmente é tomada de uma só vez, um "shot".
Petiscos para acompanhar a vodka: Carne crua com gema de ovo cru. No outro prato, sardinhas
Ainda sobre a culinária da Polônia, nos levaram em um restaurante bem tradicional, chamado de "Milk Bar". Estes restaurantes eram bem comuns na época do socialismo e era lá que os trabalhadores faziam as refeições. O nome "Milk Bar" era para indicar que não havia bebidas alcoólicas e que o local não servia nada com carne. Atualmente estes locais se transformaram em uma espécie de restaurantes populares. O preço da comida é baixo, pois eles recebem incentivos do governo para continuarem a oferecer a culinária típica do país. Além de barato, a comida é deliciosa! Foi lá que a Lisa conheceu o Leniwe, que é uma espécie de Pierog doce com queijo branco. Ela adorou! Tradicional culinária polonesa a um preço tão acessível fez com que voltássemos mais vezes aos "Milk bars".
O verdadeiro pierog
Leniwe
Para nosso próximo destino, Wroklaw, decidimos ir de carona, prática que estava "esquecida" desde a Nova Zelândia. Apenas 10 minutos esperando e já encontramos um motorista que ia para o mesmo destino... lá fomos nós, de carona pela Polônia! Nos mais de 350 km que percorremos nas estradas perfeitas do país, observamos uma geografia extremamente plana e algo que eu nunca tinha visto: sempre que há residências ao longo das rodovias, são construídos muros altos de proteção para evitar que o ruído do tráfego chegue até as casas... Muito interessante!
Rodovias inteiramente duplicadas, sem buracos e com proteção anti-ruido para as casas próximas (as manchas na foto são de sujeiras no vidro :) )
Wroklaw é uma cidade menor e com mais cara de interior do que a capital e da mesma forma, não é super-populosa. Foi nesta cidade que encontrei um dos mais surpreendentes trabalhos artísticos de toda a nossa viagem. As esculturas em tamanho real mostram o povo da Polônia com suas malas e roupas de camponeses antes do regime comunista. Estes cidadãos começam então literalmente a se afundar com a implantação do comunismo e somente no outro lado da rua, após vários anos "enterrados", com a extinção do regime, eles se libertam novamente para a continuidade de suas vidas. Brilhante a ideia!
De um lado da rua, se afundando no comunismo
Do outro lado, ressurgindo após anos "soterrados"
Na minha impressão estritamente pessoal, baseada no que vimos e nas pessoas com quem conversamos, aparentemente os poloneses abominam muito mais o passado em que foram ocupados pelos russos comunistas do que quando foram invadidos pelos alemães. Tivemos a oportunidade de fazer um tour gratuíto pelo centro da cidade e o guia falava muito da época "vermelha" e como ela foi prejudicial para os cidadãos e pouco comentava sobre a invasão nazista. O mesmo também ficou evidente nos museus e outras obras que visitamos. Não quero de nenhuma forma minimizar a mancha de sangue que os alemães deixaram no país, mas talvez por ser uma história mais recente, é visível que eles se incomodam mais com os russos e seu o regime comunista que impuseram à força ao país. Desta vez irei me abster de comentários a respeito de determinados aspirantes a comunistas latinoamericanos...
A Polônia surpreendeu muito! Foi uma experiência excelente! A limpeza, organização, a infra-estrutura, a cultura, a comida... tudo valeu a pena!
Fantástico!!!! Simplesmente me fogem as palavras para descrever como é bom ler as postagens de vocês!!!
ResponderExcluirEu assino embaixo o que o Marco Antônio disse! Sensacional a experiência. Como conheci Varsóvia - e gostei muito - serviu até mesmo para mexer com a saudade.
ExcluirParabéns pela coragem, determinação e pelo blog, que se torna a concretização da experiência para quem não está com vocês! eheheh show!
Allan Altmann (estou postando como Petite Sofie)
Obrigado pela por essa pequena viagem que fiz com vocês. A origem da minha família é Wroklaw e foram obrigados a migrar em virtude das guerras Prussianas. Ainda existem muitos Pielak's na Polônia e somos todos da mesma família.
ResponderExcluirCom certeza será no futuro um dos meus destinos.
Forte abraço e que grande viagem!
Que bom que vocês foram visitar a terra de meus antepassados. Estivemos ai no ano passado. Se tiverem tempo vao até Cracóvia para irem visitar o campo de concentração de Auschwitz. ë bem interessante. Tambem por perto na cidades de Wieliczka tem uma mina de sal desativada que achei muito interessante.
ResponderExcluirShow de bola hein Everaldu! Abraços para voces.
ResponderExcluirArtur